"Feliz a alma que atinge a beleza desejada por Deus,
que então atrai não só o olhar dos anjos mas
principalmente o de Jesus." (Padre Pio de Pietrelcina)

domingo, 28 de novembro de 2010

Os símbolos do Natal

velas-coroa-advento.gif


A Coroa do Advento

O que é
A coroa do Advento é um sinal importante deste tempo que, como todo símbolo, nos fala forte através dos seus elementos: círculo, da luz, ramos e das ações simbólicas que a compõem. Pode ser feita de diversas formas, desde que mantenha os elementos essenciais. Algumas comunidades fazem coroas grandes, por causa do tamanho da assembléia, outras fazem a coroa no chão, outras com a base de metal ou de madeira. Isso tudo pode variar conforme as possibilidades, as necessidades e a criatividade da comunidade.

Elementos essenciais
1.A forma circular - Sem começo e sem fim. A circularidade está ligada à perfeição. O redondo cria harmonia, junta, une. Lembra ainda, para nós, que somos integrantes de um mundo circular onde o processo do universo e da vida é cíclico: o ciclo do ano, do tempo, o ir e vir da história, sempre marcado pela presença daquele que é a Luz do mundo.

2. As velas - Nos países do norte da Europa, durante o inverno, as noites são mais longas que os dias e a luz do sol brilha pouquíssimo, quando não fica totalmente escondido pelas nuvens. Por isso, lâmpadas, velas são indispensáveis e muito apreciadas. Mesmo para nós, que somos cumulados com a luz do sol, a luz da vela tem muito significado.

3. No Advento, a cada Domingo acende-se uma vela da coroa. De uma a uma, a luz vai aumentando, até chegar na grande festa da Luz, que proclama Jesus Cristo como Salvador, Sol do nosso Deus que nos visita, que arma sua tenda entre nós (Cf. Jo 1, 1-14).

4. Quanto à cor das velas, normalmente é usada a vermelha que, em quase todas as partes do mundo, tem o significado do amor. No Brasil, somos marcados profundamente pelas culturas indígena e afro, onde o brilho das cores, da festa, da dança, da harmonia com o universo, está presente de uma maneira esplendorosa e reveste as celebrações.

Dessa forma, temos o costume de utilizar, na coroa, velas coloridas, uma de cada cor. Não ajuda muito associar a cor das velas com temas (penitência, esperança, alegria...). O que importa é a luz.

5. O verde - É sinal de vida. Nem tudo está morto, há esperança. Mesmo nos países tropicais, quando tudo está seco, sedento, com a chuva a vida brota, tudo fica verde e traz a esperança dos frutos e anuncia a vida.

Origem
A coroa surgiu na Alemanha, no século XIX, mais exatamente nas regiões evangélicas, situadas ao norte. Os colonos, para comemorarem a chegada do Natal, a noite mais fria do ano, acendiam fogueiras e sentavam- se ao redor. Mais tarde, não podendo acendê-las dentro de casa, tiveram a idéia de tecer uma coroa de ramos de abeto (uma espécie de pinheiro), enfeitando-a com flores e velas.

No inverno rigoroso dos países frios, todas as árvores perdem suas folhas, somente os pinheiros resistem, sendo, dessa forma, um sinal de que a natureza não morreu totalmente.

No início do século vinte, os católicos adotaram o costume de colocar a coroa nas suas igrejas e casas. No Brasil, o uso certamente provém dos missionários que vieram da Alemanha, ou de brasileiros que, tendo conhecido o uso da coroa na Europa, a introduziram nas comunidades.

Recomendações
É preciso manter os elementos essenciais (forma circular, ramagem natural, quatro velas). Sem eles, a coroa perde sua característica, deixando de ser a coroa do Advento.

Não utilizar elementos artificiais! Folhagens de papel ou de plástico e pisca-pisca não são símbolos, pois não são verdadeiros. Para Deus, apenas o natural, o belo, o verdadeiro.

É preciso ritualizar! Fazer um bonito rito de acendimento, como o proposto abaixo. Sem ritualizar, a coroa se tornará apenas um belo enfeite... (veja o rito que propomos no quadro abaixo)

Releitura
No Brasil, o Advento acontece em pleno verão. quando a luz do sol e o calor estão em seu ponto máximo de atuação. Bem diferente de onde surgiu a coroa. Muitas folhagens, por aqui, criam cores diferentes justamente por causa da luz do sol.
Quando plantadas na sombra, elas permanecem verdes. Usar este tipo de ramagem evocaria bastante nossa vegetação e enraizaria este belo símbolo do Advento!

Rito de acendimento da coroa do Advento
(Alguém da coroa se aproxima com uma pequena vela acesa - no lugar de fósforos, isqueiros etc. - e acende a vela correspondente. Até aqui o grupo de canto pode entoar um mantra: "Senhor, nós te esperamos!", ou "Teu sol não se apagará", ou outro. Quando já tiver acendido a vela, o canto é interrompido e a pessoa bendiz a Deus dizendo:)
Bendito sejas, Deus das promessas, porque iluminas as nossas vidas com a luz de Jesus Cristo, teu Filho. a quem esperamos com toda ternura do coração. Amém.

(Todos cantam novamente o refrão.)

Obs.: O Bendito seja feito com expressividade. A pessoa que acende a vela e bendiz a Deus o faça erguendo os braços, olhar dirigido para Deus e coração em sintonia com a oração. Decorar o texto é essencial!

Jornal Opinião - Pe. Danilo César do Santos Lima

Tempo do Advento - ANO A



Desde ontem, ao cair da tarde, começou um novo Advento, novo ano litúrgico. No suceder dos tempos e das estações, somos de novo convidados a percorrer, em Igreja, os mistérios da nossa Salvação, o mistério único da misericórdia de Deus sobre nós.
Que este tempo seja de perseverança.  E que a alegria da espera pelo Advento final não seja ofuscada por nenhuma das vicissitudes que, inevitavelmente, encontraremos no caminho.

Paz!!




"Vinde, caminhemos à luz do Senhor!"
O tema central do Advento é expectação do Senhor, considerada sob diversos aspectos. Em primeiro lugar, a expectação do Antigo Testamento orientado para a vinda do Messias. Dela falam os profetas que a liturgia apresenta nesta tempo à consideração dos fiéis para neles despertar aquele desejo progundo e ânsia de Deus, tão ardente nos escritos proféticos e, ao mesmo tempo, convidá-los a agradecer ao Altíssimo o dom inefável da salvação. Na verdade, esta já não se divisa no horizonte como um acontecimento futuro, tão prometido e esperado, mas que, há séculos, se transformou em realidade na encarnação do Filho de Deus e no seu nascimento no tempo. Já veio o Redentor e n'Ele cumpriram-se as esperanças do Antigo Testamento e surgiram as do Novo. E esta nova expectação consiste no seguinte: a vindo do Salvador deve atualizar-se no coração de todos os homens, enquanto a história da humanidade se orienta para a "parusia", isto é, para a vinda gloriosa de Cristo no fim dos tempos. É nesta perspectiva qu devem ser escutadas e meditadas as leituras do Advento.
Isaías fala com ênfase da era messiânica, quando todos os povos se hão de reunir em Jerusalém para adorarem o únido Deus: "Virão muitos povos e dirão: 'Vinde, subamos à Montanha do Senhor, à Casa do Deus de Jacob; Ele nos ensinará os seus caminhos" (Is 2,3). Reunidos na religião única, todos os homens viverão como irmãos e "não se adestrarão mais para a guerra" (Is 2,4). Jerusalém é figura da Igreja, constituída por Deus "sacramento universal de salvação" (LG 48), que abre os seus braços a todos os homens para os conduzir a Cristo e para que, seguindo os seus ensinamentos, vivam como irmãos na concórdia e na paz. Mas, quando resta ainda para que isto se realize plenamente! Cada um dos cristãos deve ser uma voz a chamar os homens, com a veemência de Isaías, à fé verdadeira e ao amor fraterno. O texto do Profeta termina com este convite sugestivo: "Vinde, caminhemos à luz de Deus" (Is 2,5).
São Paulo, na segunda leitura, concretiza o nosso caminhar para essa luz: "Abandonemos as obras das trevas" (Rom 13,12), isto é, do pecado em todas as suas formas, e "revistamo-nos das armas da luz" (Rom 13,12), isto é, revestirmo-nos das virtudes, especialmente da fé e do amos. Isto é mais urgente do que nunca, pos "a salvação está agora mais perto de nós" (Rom 13,11) já que a história caminha para a sua última etapa: o regresso final do Senhor. O tempo que nos separa dessa meta deve ser aproveitado com solicitude; o Senhor que veio já no seu nascimento temporal em Belém, que está continuamente presenta na vida de cada homem e da humanidade, e "que há de vir no fim dos séculos", deve ser acolhido, seguido e esperado com fé, esperança e caridade vivas e operantes.
O próprio Jesus falou-nos dessa atitude de vigilante expectação que deve caracterizar a vida do
cristão: "Vigiai, proque não sabeis em que dia virá o nosso Senhor" (Mt 24,42). Não se trata apenas de "parusia", mas também da vinda do Senhor para cada homem no fim da sua vida, quando se encontrar face a face com o seu Salvador; e será esse o dia mais belo, o princípio da vida eterna. "Por isso, estais vós também preparados, proque o filho do Homem virá na hora em que menos pensardes" (Mt 24,44).
Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena
 
 
O Nosso amor por Vós, Senhor, está edificado sobre o alicerce de ter sido pago pelo amor de um Deus; não se pode duvidar dele por estar tão manifesto com tão grandes dores e trabalhos e derramamento de sangue, até perder a vida para que não tivéssemos dúvida alguma deste amor. Dai-me, Senhor, o Vosso amor antes de me levar desta vida porque será grande graça, na hora da morte, ver que vamos ser julgados por quem amamos sobre todas as coisas. Podemos ir seguros com o pleito das nossas dívidas; não será o ir para terra estranha, mas para a própria, pois é a mesma de quem tanto amamos e nos ama.
Santa Teresa de Jesus, Caminho  
 

Nossa Senhora das Graças - Medalha Milagrosa



Em 1830, no seminário das Filhas da Caridade, na rua Bac, em Paris, a Aparição da Virgem Maria, Concebida Sem Pecado, que convidou Santa Catarina Labouré, noviça da Companhia das Filhas da Caridade, a representá-la numa medalha tal como ela lhe havia aparecido.. Na última aparição Nossa Senhora pediu à Irmã Catarina que mandasse cunhar uma medalha. A medalha possui em sua simbologia a síntese de nossa fé cristã. Desde o início de seu uso até os dias atuais, inúmeros são os relatos de graças e bênçãos recebidas, através da intercessão de nossa Mãe Maria. Isto lhe rendeu o nome de milagrosa, nome dado pelo povo. Para a Família Vicentina, este acontecimento é um marco referencial na história e na espiritualidade que nos anima. A devoção a Maria, na Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, se expressa através do uso da Medalha Milagrosa, de orações próprias, da dedicação de algumas obras ao seu nome e como nosso modelo de vida consagrada.



Medalha Milagrosa



“No dia 27 de novembro de 1830, vi a Santíssima Virgem. De estatura média, estava de pé, trajando um vestido de seda branco-aurora, mangas lisas, com um véu branco que lhe cobria a cabeça e descia de cada lado até em baixo. Sob o véu, vi os cabelos lisos repartidos ao meio, e por cima uma renda de mais ou menos três centímetros de altura, sem franzido, isto é, apoiada ligeiramente sobre os cabelos. O rosto bastante descoberto, os pés apoiados sobre meia esfera, e tendo nas mãos uma esfera de ouro, que representava o Globo. Ela tinha as mãos elevadas à altura do estômago, de uma maneira muito natural, e os olhos elevadas para o céu. Aqui seu rosto era magnificamente belo. Eu não saberia descrevê-lo. E depois, de repente, percebi nos dedos anéis revestidos de pedras, umas mais belas que as outras, umas maiores e outras menores, que lançavam raios, cada qual mais belo que os outros. Partiam das pedras maiores os mais belos raios, sempre se alargando para baixo, o que enchia toda a parte de baixo. Eu não via mais os seus pés. Nesse momento em que estava a contemplá-la, a Santíssima Virgem baixou os olhos, fitando-me. Aqui eu não sei exprimir o que senti e o que vi: a beleza e o fulgor, os raios tão belos. Uma voz se fez ouvir, dizendo-me estas palavras: ‘É o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que mas pedem’ ─ fazendo-me compreender quanto é agradável rezar à Santíssima Virgem e quanto Ela é generosa para com as pessoas que a Ela rezam, quantas graças concede às pessoas que Lhas rogam, que alegria sente concedendo-as. Nesse momento formou-se um quadro em torno da Santíssima Virgem, um pouco oval, onde havia no alto estas palavras: ‘Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós’, escritas em letras de ouro. Então uma voz se fez ouvir, que me disse: Fazei cunhar uma medalha com este modelo. Todas as pessoas que a usarem, trazendo-a ao pescoço, receberão grandes graças. As graças serão abundantes para as pessoas que a usarem com confiança’. Nesse instante o quadro me pareceu voltar-se, e vi o reverso da medalha”.
Que Nossa Senhora das Graças abençoe a você e sua família!


“Sendo verdadeiro e grande desejo com que busca o seu Dileto, e o amor que o inflama muito intenso, não quer deixar de fazer algumas diligências, quanto é possível de sua parte, porque a alma verdadeiramente amorosa de Deus não põe delongas em fazer quanto pode para achar o Filho de Deus, seu Amado.”
São João da Cruz – C 3,1

“E o Senhor ajuda tanto que, precisamente por termos sujeitado a Ele a nossa vontade e a nossa razão, nos faz dominá-las.”Santa Teresa de Jesus – F 5, 12


Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Incentivo ao caminho da salvação



Início da Segunda Carta de São Pedro 1, 1-11

"Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco receberam a mesma fé, na justiça que vem de nosso Deus e salvador Jesus Cristo. Graça e paz vos sejam concedidas abundantemente, porque conheceis Deus e Jesus, nosso Senhor.

O seu divino poder nos deu tudo o que contribui para a vida e para a piedade, mediante o conhecimento daquele que, pela sua própria glória e virtude, nos chamou. Por meio de tudo isso nos foram dadas as preciosas promessas, as maiores que há, a fim de que vos tornásseis participantes da natureza divina, depois de libertos da corrupção,  da concupiscência no mundo. Por isso mesmo, dedicai todo o esforço em juntar à vossa fé a virtude, à virtude o conhecimento, ao conhecimento o autodomínio, ao autodomínio a perseverança, à perseverança a piedade, à piedade o amor fraterno e ao amor fraterno, a caridade. Se estas virtudes existirem e crescerem em vós, não vos deixarão vazios e estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Mas quem delas carece é um míope, um cego: esqueceu-se da purificação de seus pecados de outrora. Por isso, irmãos, cuidai cada vez mais de confirmar a vossa vocação e eleição. Procedendo assim, jamais tropeçareis. Desta maneira vos será largamente proporcionado o acesso ao reino eterno de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo."

sábado, 20 de novembro de 2010

Evangelho do Domingo: Viva Cristo Rei!


Por Dom Jesús Sanz Montes, ofm, arcebispo de Oviedo


OVIEDO, sexta-feira, 19 de novembro de 2010 (ZENIT.org) - Apresentamos a meditação escrita por Dom Jesús Sanz Montes, OFM, arcebispo de Oviedo, administrador apostólico de Huesca e Jaca, sobre o Evangelho deste domingo (Lucas 23,35-43), 34º do Tempo Comum.
* * *
Termina o ano cristão e a Igreja celebra o domingo de Cristo Rei. A liturgia nos relata o final da paixão de Jesus, na qual Ele aparece como Rei. Onde está, ó Rei, o teu reinado? Onde estão teus súditos leais? Aonde se foram os incondicionais discípulos? Como ficaram todos os teus projetos bem-aventurados? Como é que esse, que se apresenta como rei-dos-judeus, nasceu de uma mulher, brinca com as crianças, atende os pobres e doentes, trata com todo tipo de pecadores e condena nossas leis inumanas? Assim todos, por temor, desencanto ou indignação... foram abandonando aquele Rei. Bem, nem todos. Lá estava Maria, algumas mulheres e João. E havia mais um, o da última hora: Dimas. Somente Dimas não empregou o condicional de quem duvida ou nega, mas o imperativo de quem tem certeza diante do acontecimento que seus olhos presenciam: "Lembra-te de mim". A resposta de Jesus não se fez esperar: "Hoje estarás comigo no Paraíso".

Aquele Rei e o seu Reino não terminaram. Aquele estar com Jesus e participar do seu reinado é o que os cristãos vêm celebrando e prolongando durante séculos. E é o que, neste último domingo do ano litúrgico, queremos especialmente recordar: que Ele é o Rei de toda a criação, o Rei de uma nova história, o Rei de uma nova humanidade.

O reinado de Jesus não é uma proclamação fugaz e oportunista, não é um discurso fácil e barato. É, nem mais nem menos, um devolver à humanidade a possibilidade de voltar a ser humana segundo o plano de Deus: a possibilidade de reempreender aquele caminho perdido que Deus oferecera outrora, e que uma liberdade não vivida na luz, na verdade e no amor, mandou para o espaço. O reinado de Jesus é esse espaço de nova história na qual é possível viver como filhos de Deus, como irmãos diante dos homens e diante de toda a criação.

Este reinado já começou e muitos homens e mulheres viveram assim. Mas também quantos ainda não vivem assim, nem diante do Pai Deus, nem diante do irmão homem, nem diante da irmã criação! Por isso, é um Reino de Jesus que está apenas começando, que se encontra sem terminar, sem sua plenitude final. Só existe um trono e este pertence a Deus: e nesse trono se oferece liberdade. Toda suplantação desse Rei suporá um caminho de escravidão, de inumanidade, de corrupção, como demonstra a história de sempre e a mais recente. Por Jesus Cristo Rei e por esse Reino é preciso continuar trabalhando, construindo-o cotidianamente com cada gesto, em cada situação e circunstância, para ir desterrando e transformando o que em nós e entre nós não corresponda ao projeto do Senhor.

Como disseram nossos mártires: Viva Cristo Rei!


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tu me moves, Senhor!


Não me move, Senhor para Te amar 

O Céu que me prometestes 
Nem me move o inferno tão temido 
Para deixar por isso de Te ofender.

Tu me moves, Senhor!
Move-me ver-Te
Pregado em uma Cruz e escarnecido
Move-me ver teu Corpo tão ferido,
Movem-me tuas afrontas e tua morte.

Move-me enfim o teu amor,
E de tal maneira,
Que ainda que não houvesse Céu eu Te amaria,
E ainda que não houvesse inferno Te temeria.

Nada tens que me dar para que eu Te queira,
Pois mesmo que eu não esperasse o que espero
O mesmo que Te quero,
eu te quereria.
(Santa Teresa D'Ávila)

Edith Stein: Santa Teresa Benedita da Cruz

"'A fim de que todo o homem que acredita tenha a Vida Eterna'
Meu Senhor e Meu Deus,
Tu guiaste-me por um longo caminho obscuro, pedregoso e duro.
As minhas forças pareciam muitas vezes quererem abandonar-me,
Quase não esperava ver mais um dia a Luz.
O meu coração petrificava-se num sofrimento profundo
Quando a claridade duma doce Estrela se elevou aos meus olhos.
Fiel, Ela me guiou e eu segui-a
Um pouco tímida no início, mais firme depois.
Cheguei, finalmente, à porta da Igreja.
Ela abriu-se. Pedi para entrar.
A bem-aventurança acolheu-me pela boca do teu sacerdote.
No interior, as estrelas sucedem-se,
Estrelas de flores vermelhas que me indicam o caminho para Ti.
E a tua Bondade permite que elas me iluminem no meu caminho para Ti.
O mistério que me fazia manter escondido no fundo do meu coração,
Eu posso doravante anunciar em alta voz:
Eu creio, eu confesso a minha fé!
O sacerdote conduziu-me aos degraus do altar,
Inclino a fronte,
A Água Santa escorre sobre a minha cabeça."
(Santa Teresa Benedita da Cruz, Edith Stein - OCD - Mártir, Co-Padroeira da Europa - Poesia 'Noite Santa')

"Quem És, suave Luz que me sacias
E que iluminas as trevas do meu coração?
Guias-me como a Mão de uma mãe,
e se me soltasses
não mais poderia dar um só passo.
És o Espaço
que envolve o meu ser e me protege.
Longe de Ti, naufragaria no abismo do nada
de onde me tiraste para me criar para a Luz.
Tu, mais próximo de mim
do que eu própria,
mais intimo do que as profundezas da minha alma,
e contudo incompreensível e inefável,
para além de qualquer nome,
Espírito Santo, Amor Eterno!
---
Não és Tu o doce Maná
que do coração do Filho
transborda para o meu,
o alimento dos anjos e dos bem-aventurados?
Aquele que Se elevou da morte à Vida
também me despertou do sono da morte para uma Vida nova.
E, dia após dia,
continua a dar-me uma Nova vida,
de que um dia a Plenitude me inundará por completo,
vida procedente da Tua Vida, sim, Tu mesmo,
Espírito Santo, Vida Eterna!"
(Santa Teresa Benedita da Cruz, Edith Stein - OCD - Mártir, Co-Padroeira da Europa - Poesia Pentecostes 1942)

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXcZHMaHvVvW7z8MmofAvozWmm6ES7E4xtNSbPGTqJ5YysFByq7R_PHVoRGKSoRV8Y-mlSygwcnfRcdqUa8ccFRYBEcGpxsiKnKfLuSjVN_OnbUWD6s-d4zEz1qVj5FMIgZTrtHjt1rWs1/s400/EdithStein.JPG

"Deus é a Verdade. Quem procura a Verdade, quer saiba ou não, procura Deus."

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Oração de Santa Gianna Beretta Molla



Oração de Santa Gianna Beretta Molla à Maria Santíssima

Maria, me coloco totalmente em tuas maternais mãos e me entrego toda a Vós.
Confio que conseguirei o que te peço.
Confio em Ti porque Vós sois minha querida Mãe.
Me confio a Vós porque tu és a Mãe de Jesus.
E nessa confiança me entrego a Vós e estou segura que em tudo vou ser escutada.
Com essa mesma confiança de coração te chamo de minha Mãe e minha Esperança.
Me consagro totalmente a Vós e peço que tenhas em conta que sou toda tua e te pertenço.
Que me conserves e cuides de mim. Minha querida e bondosa Mãe, em cada momento de minha vida apresente-me diante de seu Filho Jesus. Amém.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

"Senhor, que seja Tua Vontade. Amamos a Cruz e temos que refletir que não a carregamos sozinhos(as), se não que é Jesus que nos ajuda a carregá-la e que Nele somos capazes de fazê-lo, já que Ele nos dá a força necessária para isso" Gianna Beretta Molla.

Santa Gianna Beretta Molla, rogai por nós.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Cordeiro de Deus = Agnus Dei



 Cordeiro de Deus
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
R. Tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
R. Tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
R. Dai-nos a paz.



 Agnus Dei  

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,
R. Miserere nobis.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,
R. Miserere nobis.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,
R. Dona nobis pacem.

Salmo 50 - Miserere


Hoje é sexta-feira. Por excelência, este é o dia da semana onde devemos fazer o nosso exame de consciência e pedir perdão a Deus pelas faltas cometidas, preparando-nos melhor para as festividades do Domingo, Dia do Senhor.
Na verdade, devemos fazer o exame de consciência todas as noites, antes de dormir e esta prática é comum na oração das Completas.
O Salmo 50 é uma oração que pede a Deus a purificação da alma, o perdão pelos erros e a força para seguir adiante firme, no caminho reto, sem desvios, que nos leva a Deus.
É um Salmo indulgenciado. Isso significa que ajuda a eliminar de nós as manchas do pecado e, com isso, abrevia o tempo no Purgatório.
Por isso, faça como eu e como tantas outras pessoas: adquira o hábito de rezar os Salmos diariamente!
Você só tem a ganhar com isso!

Um abraço fraterno, Tereza.



Salmo 50(51)

Tende piedade, ó meu Deus!

Renovai o vosso espírito e a vossa mentalidade. Revesti o homem novo (Ef 4,23-24).

 
3 Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! *
Na imensidão de vosso amor,purificai-me!
4 Lavai-me todo inteiro do pecado, *
e apagai completamente a minha culpa!

5 Eu reconheço toda a minha iniqüidade, *
o meu pecado está sempre à minha frente.
6 Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, *
e pratiquei o que é mau aos vossos olhos! –

– Mostrais assim quanto sois justo na sentença, *
e quanto é reto o julgamento que fazeis.
7 Vede, Senhor, que eu nasci na iniqüidade *
e pecador já minha mãe me concebeu.

8 Mas vós amais os corações que são sinceros, *
na intimidade me ensinais sabedoria.
9 Aspergi-me e serei puro do pecado, *
e mais branco do que a neve ficarei.

10 Fazei-me ouvir cantos de festa e de alegria, *
e exultarão estes meus ossos que esmagastes.
11 Desviai o vosso olhar dos meus pecados *
e apagai todas as minhas transgressões!

12 Criai em mim um coração que seja puro, *
dai-me de novo um espírito decidido.
13 Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, *
nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!

14 Dai-me de novo a alegria de ser salvo *
e confirmai-me com espírito generoso!
15 Ensinarei vosso caminho aos pecadores, *
e para vós se voltarão os transviados.

16 Da morte como pena, libertai-me, *
e minha língua exaltará vossa justiça!
17 Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, *
e minha boca anunciará vosso louvor!

18 Pois não são de vosso agrado os sacrifícios, *
e, se oferto um holocausto, o rejeitais.
19 Meu sacrifício é minha alma penitente, *
não desprezeis um coração arrependido!

20 Sede benigno com Sião, por vossa graça, *
reconstruí Jerusalém e os seus muros!
21 E aceitareis o verdadeiro sacrifício, *
os holocaustos e oblações em vosso altar!



– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

São Martinho de Tours




Hoje celebramos a memória do Bispo São Martinho, que tornou-se intercessor e modelo de apostolado para todos nós.

Nasceu em 316 na Panônia (atual Hungria), numa família pagã que da parte do pai (oficial do exército romano) fez de Martinho um militar, enquanto o Pai do Céu o estava fazendo cristão, já que começou a fazer o Catecumenato.

Certa vez quando militar, mas ainda não batizado, Martinho partiu em duas partes seu manto para dá-lo a um pobre, e assim Jesus aparece-lhe durante a noite e disse-lhe: "Martinho, principiante na fé, cobriu-me com este manto". Então este homem de Deus foi batizado e abandonou a vida militar para viver intensamente a vida religiosa e as inspirações do Espírito Santo para sua vida.

Com a direção e ajuda do Bispo Hilário, Martinho tornou-se monge, Diácono, fundador do primeiro mosteiro na França e depois sacerdote que formava os seus "filhos" para a contemplação e ao mesmo tempo para a missão de evangelizar os pagãos; diferenciando-se com isso dos mosteiros do Oriente.

Por ser fiel no pouco, São Martinho recebeu o mais, que veio com a sua Ordenação para Bispo em Tours. Isto não o impediu de fundar ainda muitos outros mosteiros a fim de melhor evangelizar sua Diocese. Entrou no Céu em 397.

São Martinho de Tours, rogai por nós!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Nada te perturbe...

A Poesia de Santa Teresa D'Ávila



Os estudiosos não se interessam muito pelas poesias de Santa Teresa nem se preocupam da data em que cada uma foi escrita. Os teólogos têm muitas coisas mais importantes a investigar, a estudar, a ver, é compreensível. Mas nós, os teólogos de chinelo de dedo, que caminhamos pela mesma estrada de santa Teresa e que sentimos o claro do dia e o frio da noite e das "noites" que baixam em cima de nós por tantas coisas, desde as impressões, desilusões, sofrimentos. Não só experimentamos a bondade de Deus, sua misericórdia, como Santa Teresa, nos grandes momentos de intimidade com o Senhor, ou ela – não nós – nas visões, arroubamentos e matrimônio místico, mas no dia a dia, quando a cruz nos parece pesada, Deus se faz próximo de nós e como bom Cirineu, nos ajuda a carregar a Cruz.

Teresa de Ávila é "poetisa" de mão cheia e escreve poesia quando a força da palavra escrita não consegue expressar o que se passa dentro dela. Mística e poesia são meios que, na síntese mais forte do encontro com Deus e entre os seres humanos, dizem o que as palavras nunca poderiam dizer. Todo místico é poeta, embora que nem todo poeta seja místico no sentido cristão que damos a esta palavra, de alguém que, tendo feito a experiência do Deus vivo, a traduz como pode, com palavras que às vezes não são outras coisas que um pobre "balbuciar de um não sei quê", como diz outro místico e poeta João da Cruz.

A poesia de Santa Teresa de Ávila "nada te perturbe" é bastante comprida. O refrão que todos nós sabemos de cor repete-se a cada estrofe. Quando Teresa escreveu esta poesia, em que circunstância? O tempo e circunstância fogem ao nosso conhecimento, mas o que podemos dizer é que não é uma poesia juvenil e nem dos primeiros anos de sua vida. Ela nos manifesta uma Teresa adulta, madura, provada e calejada na escola da vida, sofrida mas não desanimada. Cheia, quem sabe, de feridas por dentro e no corpo já cansado, mas que têm nela a firmeza da fé e da certeza que o Senhor é o Senhor da única esperança.

A poesia trata das coisas que vão acontecendo ou que aconteceram, lutas, incompreensões e barreira que querem impedir que a obra de Teresa se realizasse plenamente. O que resta diante de tudo isso a não ser a certeza de que, se Deus está conosco quem poderá estar contra nós? E "mesmo que um exército venha contra mim nada temerei, porque o Senhor está comigo", como canta o salmista do salmo 26.

É bom podermos nos aproximar desta mestra da tranqüilidade adquirida através de tantas lutas e dissabores, e com ela aprender este pequeno "mantra". Mantra, para as pessoas quem não sabem, são palavras ou frases pequenas que se repetem com constância até se tornarem uma força tranqüilizadora. O mantra teresiano pode ser muito bem:

"Nada te perturbe,
nada te assuste,
tudo passa.
Deus não muda.
A paciência tudo alcança.
Quem a Deus tem nada lhe falta.
Só Deus basta!"

Estas palavras, repetidas e assimiladas, nos dão o sentido autêntico do Deus amor. Hoje, mais do que nunca, somos assaltados pelo medo, pelo pavor que vem até nós com todas as conseqüências. Aliás, vivemos o medo de tudo que chamaria de "pavor". Temos pavor que um belo dia nos encontremos desempregados e não tenhamos o que comer e como manter a família ou quem sabe o medo de doença que vai aparecendo aos mínimos sintomas. Afinal, há quem deva viver sobre as desgraças alheias. Medo de sermos traídos no amor e amizade por tantos anos vivenciada e que, por encanto não lhe diz mais nada e vai longe de tudo. Medo de nós mesmos que nos sentimos solitários e não sabemos a quem recorrer porque não temos mais ponto de apoio.

Teresa tem experimentado tudo isto e sabe que o "único que não falha", o amor de todos os momentos é Deus. Nele podemos confiar, mesmo quando as noites se fazem mais espessas. Teresa, como mestra de vida espiritual, tem uma palavra eloqüente para os que vivem no medo. Eu posso dar testemunho que tenho muitos medos, mas o único medo que não tenho é que Deus me deixe sozinho porque ele me deu prova de que é amigo fiel.

O dia de Santa Teresa de Ávila foi também festa dos professores, e dos que querem aprender a rezar e que buscam segurança nas inseguranças humanas. Teresa quer nos repetir "nada te perturbe..." Tudo se pode perder, mas Deus jamais se perde. Que o mundo se vá, que as coisas vãs estejam fora de nós, que o volúvel se desfaça, mas que Deus fique para sempre.

Frei Patrício Sciadini, OCD

sábado, 6 de novembro de 2010

Caminho de Perfeição - Santa Teresa D'Ávila

ImageDepois de termos vivido um ano pastoral (2009-2010) dedicado à leitura, meditação e estudo do Livro da Vida de Santa Teresa de Jesus, no presente ano (2010-2011) são muitas as comunidades que já começaram a ler o Caminho de Perfeição, como faz parte da proposta da Comissão de Preparação das Celebrações do V Centenário do Nascimento da Santa de Ávila.
Enquanto o primeiro é uma biografia em que Teresa nos revela a sua alma orante e contemplativa, no Caminho de Perfeição é uma comunidade, a de S.José de Ávila, que é a causa, a inspiração e o motivo pelo qual Teresa escreve esta obra sobre a vida orante e espiritual. Será mais uma oportunidade para bebermos do verdadeiro espírito teresiano e o encarnarmos na vida da família carmelita do Séc. XXI.

É preciso entrar no nosso Castelo Interior...


É sempre necessário cair em si e retornar à casa do Pai
  • A história do filho pródigo ilustra muito bem como é importante entrar em si mesmo. Ele reviu sua vida, preparou as palavras que haveria de dizer e pôs-se a caminho rumo à casa paterna. Sua conversão realizou-se antes de ele se levantar, realizou-se no momento em que entrou em si mesmo. Ele não fez senão o que havia decidido fazer. Quanta fecundidade neste ‘entrar em si mesmo’.
  • O nosso tempo, tempo de correria, tem sido ingrato a este entrar em si mesmo, tem dificultado a que cada um caia em si. Santa Teresa d’Avila escreveu uma obra chamada o Castelo Interior, onde fala dos segredos e da necessidade da vida interior. Mas existe também um ‘castelo exterior’, onde é possível, e hoje constatamos que sim, alguém fechar-se nele. Fechado fora de casa, incapaz de entrar, prisioneiro da exterioridade.
  • Estamos na época dos aglomerados urbanos, multidão em toda parte: no trânsito, nas fábricas e trabalho, no cinema, nas praias, nos shoppings – o homem nunca esteve tão acompanhado e tão sozinho, sempre ao lado de muitos e tão desconfiados dos mesmos.
  • Há uma multidão de filhos pródigos longe da casa de Deus Pai, fechada no seu cansaço, na sua desilusão, na sua angústia, na sua solidão. É grande o número dos que não são amados por ninguém, a não ser por Deus – estes nem sempre se dão conta deste amor!
  • Muitos hoje passam por momentos delicados. Parece que em suas vidas nada floresce, tudo é deserto, ao seu redor tudo parece vazio e ressecado. Realizam o seu trabalho, porém não são criativos. Não sentem possuir algo que fertilize o mundo nem o ambiente que pertencem. Estão sempre cansados, esgotados, sem vida, sem ânimo, sem alegria.
  • E por quê? A resposta é simples: estão fora de si e de casa, fora de sua própria morada, de sua casa interior, longe da face do Pai. Sim, Santo Agostinho tinha razão: Tu estavas dentro de mim e eu fora de ti, e te procurava aqui em baixo, atirando-me infame sobre essas formas de beleza que são tuas criaturas (Confissões, X, 27). Quantos deveriam repetir essa amarga confissão: Tu estavas dentro de mim, mas eu estava fora!
  • A bem-aventurada Elisabete da Trindade ensina-nos a quem ela encontrou quando retornou à sua própria casa, à sua morada interior: Encontrei o paraíso na terra, porque o paraíso é Deus e Deus está no meu coração. Deus em mim e eu nele (Lettera 107).
  • Sim, não deixemos que a exterioridade e a multidão ameacem nosso encontro com Deus nosso Pai. Precisamos deste encontro para encontrarmos a imagem que Ele fez de cada um de nós. Precisamos deste encontro na nossa morada interior para ajudar-nos a recuperar a vida pessoal em Deus – vida pessoal em Deus da qual hoje se tem tanta necessidade.

Conclusão
  • Fiquemos com as palavras de Jesus a Santa Faustina Kowalska: Minha filha, fala a todo mundo da minha Misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da minha misericórdia. A humanidade não terá paz enquanto não se voltar à fonte da minha misericórdia (Diário - nº 699).
  • Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!                                            D.Filipe – 12/09/2010

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Os Salmos

As primeiras gerações cristãs liam os SALMOS em suas assembléias e as homilias e hinos neles se inspiravam. Acrescido de outros Cânticos bíblicos (75), o Saltério tornou-se o livro por excelência da prece litúrgica e da individual, tanto dos monges como dos fiéis.

Em razão de sua origem, os Salmos têm o poder de elevar até Deus as mentes dos homens, excitar neles piedosos e santos afetos, ajudá-los maravilhosamente a dar graças na prosperidade e, na adversidade, dar-lhes consolo e fortaleza de ânimo.

O Espírito Santo, sob cuja inspiração cantaram os salmistas, assiste sempre com sua graça aos que de boa vontade e com fé salmodiam aqueles poemas.

Os Santos Padres entenderam e comentaram todo o Saltério como sendo uma profecia de Cristo e da Igreja. Com este mesmo critério escolheram-se os Salmos na sagrada Liturgia...Em geral, tanto os Padres como a Liturgia, com todo direito, ouviram nos Salmos, Cristo clamando ao Pai, ou o Pai falando com o Filho, ou inclusive descobriram a voz da Igreja, dos Apóstolos ou dos Mártires...
(Da instrução Geral sobre a Oração do Povo de Deus).



“Louvores e graças a Deus, verdadeira e una Trindade.
Divindade suprema e única, indivisa e santa Trindade!”
(Cântico evangélico, ant.)

Os Salmos na minha vida

Por volta do ano 1990 comprei um livro que mudou a minha vida: "Salmos e Cânticos, a oração do povo de Deus". Comprei na loja das Irmãs Paulinas em Niterói e ele passou a me acompanhar em todos os lugares: na faculdade, em casa, na Igreja, nas filas de banco, nos encontros de jovens, etc. Quando viajei ao Canadá, em 1994, o levei comigo e foram muitas horas de oração no silêncio do Loretto.

O livro de Salmos (ou Saltério) está contido na Bíblia - é claro - mas, trazendo-o em separado, encontrei nele o meu livro de orações de todos os dias. Aos poucos, ele foi saciando a sede que eu sentia de aproximar-me mais de Deus e de melhorar a minha maneira de orar e de louvá-lO. E assim se passaram 8 anos...

Já em 1999, conheci o Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro e, durante os 7 anos que Deus me concedeu para frequentar aquele santo lugar, aprendi, entre tantas outras coisas, a rezar o Ofício Divino que contempla Hinos, Salmos, Cânticos, Leituras Bíblicas e Escritos de Santos Padres, Papas, entre outros.

Hoje, sinto a inspiração de trazer para o meu blog toda a beleza que descobri há 20 anos...Vou postar todos os 150 Salmos e alguns Cânticos do Antigo e do Novo Testamentos. Assim, poderemos orar juntos, todos os dias.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Consagração ao Sagrado Coração de Jesus


 
 
 
Me entrego e consagro ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, minha pessoa e vida, ações, dores e sofrimentos para que utilize meu corpo somente para honrar, amar e glorificar ao Sagrado Coração.

Este é meu propósito definitivo, único, ser todo d’Ele, e fazer tudo por amor a Ele, e ao mesmo tempo renunciar com todo meu coração qualquer coisa que não lhe compraz, além de tomar-te, Ó Sagrado Coração, para que sejas ele o único objeto de meu amor, o guardião de minha vida, meu seguro de salvação, o remédio para minhas fraquezas e inconstância, a solução aos erros de minha vida e meu refúgio seguro à hora da morte.

Seja, Ó Coração de Bondade, meu intercessor ante Deus Pai, e livra-me de sua sabia ira. Ó Coração de amor, ponho toda minha confiança em ti, temo minhas fraquezas e falhas, mas tenho esperança em tua Divindade e Bondade.

Tira de mim tudo o que está mal e tudo o que provoque que não faça tua santa vontade, permite a teu amor puro a que se imprima no mais profundo de meu coração, para que eu não me esqueça nem me separe de ti.

Que eu obtenha de tua amada bondade a graça de Ter meu nome escrito em Teu coração, para depositar em ti toda minha felicidade e glória, viver e morrer em tua bondade. Amém
Santa Margarida Maria Alacoque

As Duas Teresas e as Flores

 

Santa Teresa de Ávila e Santa Teresinha do Menino Jesus, as duas santas carmelitas Doutoras da Igreja, mãe e filha, têm muita coisa em comum. Evidentemente, a pequena Teresa  muito aprendeu de sua Fundadora e Mestra Espiritual. Entre tantas intuições e metas na vivência do Absoluto de Deus que as unem, há uma toda especial: o amor às flores. Esta faceta já é bem conhecida em Santa Teresinha, que desde cedo recebeu o carinhoso título de "Santa das Rosas". Quanto a Santa Teresa de Ávila, cujo nome está mais associado aos escritos de alta envergadura mística, é de certa forma novidade saber que as flores, também nesta, exerceram grande  influência. Vejamos em que sentido as duas Teresas, a Grande e a Pequena, foram capazes de vislumbrar nas cores e odores da natureza os sinais da presença de Deus.

Teresinha tem as flores de sua preferência, sobre as quais se referiu de modo especial: a rosa, o lírio, a bonina, a violeta, o miosótis, a papoula, as centáureas e a nigela dos trigos. Celina, sua querida irmã e companheira na famosa peregrinação feita à Itália, conta-nos algo muito pitoresco: "Muitas vezes também nas esquinas ou às portas das igrejas, encontrávamos grupos de garotas vestidas à moda italiana. Elas tinham instrumentos de música e cestos cheios de flores. Era preciso vê-las correndo atrás de Teresa! Era para quem elas davam as flores e gritavam: Bella Signorina! Bella Signorina". Neste episódio observamos que, desde menina, não era Teresinha que corria em busca das flores. As próprias flores sentiam uma irresistível atração pela pequena flor do Carmelo, perseguindo-a em sua pureza e beleza.

Para Teresinha a flor simboliza a beleza e a grandeza de Deus. Cada florzinha, a mais humilde, traz-lhe uma lição de vida espiritual. E ela, que quis aprender no "livro da natureza", prestará atenção a cada botão de rosa que desabrocha esfuziante e a cada  miosótis em seu escondimento e humildade, colhendo em ambos a alegria de louvar o Pai que a tudo gera com o mesmo amor.

A própria Teresinha se considera uma florzinha querida de Jesus. O título de sua autobiografia é exatamente "História Primaveril de uma Florzinha branca". Ela será sempre aquela florzinha branca que seu pai lhe deu no dia em que lhe confidenciou sua vocação. Sendo uma florzinha, crescerá cercada de flores abundantes, que a marcarão profundamente. Escrevendo ao Pe. Bellière, aos 25 de abril de 1897, e referindo-se às suas irmãs de sangue, ela dizia: "Jesus, na sua misericórdia, quis que, entre essas flores, crescesse uma das menores. Jamais poderei agradecer-lhe bastante por isso, pois, foi graças a essa condescendência que eu, pobre florzinha sem brilho, encontro-me no mesmo canteiro que as rosas, minhas irmãs".  A contemplação das flores não será um mero deleite espiritual na vida de Santa Teresinha. Usará delas para dar uma explicação da difícil questão da concessão da graça divina de maneira diversificada ou em graus variados aos homens. Vejamos a comparação que ela cria, através de uma fina intuição teológica, admirável numa jovem religiosa cujos conhecimentos teológicos nada tinham de acadêmico:

"Jesus aceitou instruir-me a respeito desse mistério, pôs diante dos meus olhos o livro da natureza, e compreendi que todas as flores que Ele criou são belas, que o brilho da rosa e a alvura do lírio não impedem o perfume da pequena violeta ou a simplicidade encantadora da margarida... Compreendi que se todas as florzinhas quisessem ser rosas a natureza perderia seu adorno primaveril, os campos não seriam mais salpicados de florzinhas... Assim é no mundo das almas, o jardim de Jesus. Ele quis criar os grandes santos que podem ser comparados aos lírios e às rosas e criou também santos menores, e estes devem contentar-se em ser margaridas ou violetas destinadas a alegrar os olhares de Deus quando os baixa aos pés, a perfeição consiste em fazer sua vontade, em ser aquilo que Ele quer que sejamos...  Compreendi também que o amor de Nosso Senhor revela-se tanto na alma mais simplesm que em nada resiste à sua graça, como na alma mais sublime.  Na realidade,  é próprio do amor rebaixar-se. (...) Assim como o sol ilumina ao mesmo tempo os cedros e cada florzinha, como se ela fosse única sobre a terra, assim  Nosso Senhor se ocupa particularmente de cada alma como se não houvesse outra igual".

Teresinha, em seus escritos, sempre retoma o tema das flores. Estas criaturinhas de Deus estão presentes de forma tão contundente na vida da Santa das Rosas, que Madre Maria dos Anjos chegou a fazer a seguinte observação: "Na piedade da Serva de Deus há uma coisa que me chama a atenção, tanto mais que jamais a vira em nosso Carmelo, e da qual jamais ouvi falar na vida dos santos: é o papel que ela dá às flores. Todas tinham para ela uma linguagem especial, revelando-lhe o amor infinito de Deus e suas perfeições. Ela se servia delas também para dizer a Deus seu próprio amor e os sentimentos de seu coração. À noite, no verão, na hora do silêncio, e muitas vezes nos dias de festa, durante as recreações, ela jogava flores ao Calvário de nosso pátio".

A história de Santa Teresinha com as rosas é longa! Precisamos ir à infância de nossa santinha para entender este amor entranhado que unia Teresinha às flores, especialmente às rosas. No dia 11 de março de 1873, não sabendo mais o que fazer para curar sua pequena Thérèse de uma  gastrenterite, Zélie Martin resolveu ir a Sémaillé, um vilarejo próximo a Alençon, à procura de uma senhora chamada Rose Taillé para ser a ama-de-leite de sua caçula.  Assim, de 16 de março de 1873 a 2 de abril de 1874, Teresa viveu nesse lugar, cujos   habitantes tinham um gracioso  costume: presentearem-se, por qualquer motivo, com flores.  A precoce convivência com essa variedade de perfumes certamente terá despertado em  nossa Santa  uma paixão que a dominará até o fim de seus dias: as flores, especialmente as rosas.

 Uma referência importante ao seu amor indistinto pelas rosas,  pode ser  encontrada numa carta dirigida à  prima Maria Guérin  no dia 18 de agosto de 1887: "Amo tanto uma bela rosa branca, quanto uma rosa vermelha". É também conhecido o enorme prazer com que  lançava pétalas de rosas para o alto quando via passar o ostensório com o Santíssimo Sacramento. Madre Inês, sua irmã de sangue, relata que, no dia 14 de setembro de 1897, poucos dias antes de seu falecimento,  Teresinha ganhou uma rosa e a desfolhou sobre o crucifixo de forma muito carinhosa. Algumas pétalas caíram ao chão da enfermaria. Muito seriamente, a santa teria afirmado: "Ajuntai bem estas pétalas, minhas irmãzinhas, elas vos servirão a dar alegrias, mais tarde... Não percam nenhuma..."

Ela também gostava de cobrir de pétalas  o seu crucifixo, de forma muito cuidadosa, retirando pacientemente as pétalas  murchas. No entanto, não lançava flores em ninguém. A mesma Madre Inês conta que,  certa vez,  colocou-lhe rosas nas mãos, pedindo-lhe que as atirasse em alguém, como sinal de afeto. A santa recusou-se a fazê-lo, considerando que só lançava rosas para seu amado Jesus.

Quem tanto amava as rosas, vai prometer, quase ao fim da vida, que fará chover rosas sobre o mundo. Com esta promessa estava se prontificando a interceder pela humanidade junto a  Deus. As conhecidas afirmações  “Passarei o meu céu fazendo o bem sobre a terra” e “Depois de minha morte mandarei uma chuva de rosas” foram  evocadas pela Irmã Maria do Sagrado Coração em seu depoimento  no Processo de Beatificação  da padroeira dos missionários.   Após sua morte os milagres irão se multiplicar. Quem  prometeu continuar sua missão no céu, trabalhando para o bem das almas, nunca  frustrou  os que confiam em sua oração. Ainda hoje são muitos os relatos de curas, milagres e conversões realizados por intermédio da humilde carmelita. Santa Teresa de Ávila, Mãe e Fundadora da Ordem na qual Teresinha se consagrou a Deus, e de quem recebeu o nome na pia batismal, era apaixonada pela água. A grande Teresa se serviu muitíssimas vezes deste elemento da natureza para nos transmitir sua doutrina espiritual. Se as flores são o sorriso de Deus exibido através de sua obra mais maravilhosa, a Natureza, é certo que Santa Teresa de Ávila relacionou-se muito intimamente com as flores. Estas não deixaram de influir em seu modo de ser e em suas atitudes e comportamentos ao longo da vida. Teresa de Jesus também delas se serviu para ilustrar seus ensinamentos, sobretudo ao discorrer sobre as virtudes.

Possuímos não poucos testemunhos de seu amor às flores. No "Livro da Vida", ela mesma nos diz que gostava e era muito proveitoso para seu espírito "ver  campos, águas, flores; encontrava nessas coisas a lembrança do Criador, isto é, elas me despertavam e me recolhiam, servindo-me de livros".

Podemos imaginar a menina Teresa Ahumada brincando nos trigais de Gotarrendura e também podemos vê-la extasiada, deleitando-se a contemplar os  campos de amapolas, saltitando sobre as margaridas silvestres de beleza indescritível. Outras flores com as quais ela teve contato em sua infância, nos campos de Gotarrendura ou em seu jardim de Ávila, foram sem dúvida, os girassóis e os lírios. Há quem afirma que o girassol, tanto a planta como a flor, orienta o espírito de quem o contempla à solução feliz de todos os seus problemas. O lírio, de sua parte, também muito chamou  a atenção da Fundadora do Carmelo Descalço. Irmã Maria de São José, uma das companheiras da viagem que a santa empreendeu de Caravaca a sevilha, conta deliciosamente em seu Livro das Recreações: elas pararam para descansar numa formosa floresta e aí a Santa Madre começou a se desmanchar em louvores a Deus diante da diversidade das flores e o canto de mil passarinhos. Foram quase obrigados a arrastá-la daquele lugar tão florido e tão repleto de trinados.

O nardo, os lírios, e de modo particular as rosas, foram objeto do amor de Santa Teresa de Jesus. Sem dúvida a rosa foi a flor que mais influenciou a Santa Madre. Isto é fácil de compreender pois sabemos como esta flor, com tantas variedades, cada qual mais formosa, inspirou tantos poetas, músicos, pintores. Não seria Teresa de Jesus a se esquecer delas!

Exemplo único e flor formosíssima não só no céu, mas também entre nós, o foi Santa Teresa. Quem sabe por isto, o Senhor, que é a flor mais bonita do campo da Igreja e da humanidade, fez com florescesse uma amendoeira em Alba de Tormes, quando Teresa estava prestes a morrer. Segundo testemunhas, tratava-se de uma arvorezinha seca, que nunca dera frutos, localizada próxima à cela da Santa Madre. De repente cobriu-se de flores. Era cinco de outubro, não era tempo de primavera, que,  neste caso, milagrosamente antecipou-se. Esta foi uma homenagem do Senhor à mais formosa flor de Ávila, cujo pólen prossegue nutrindo, ainda hoje, como alimento espiritual, todos aqueles que desejam aproximar-se de Deus no caminho da perfeição. Teresa já havia dito que escrevia para gulosar as pessoas com a grande bondade de Deus.

Assim foi Teresa, tão amiga de seus amigos e tão amiga de Cristo, sempre cultivando rosas brancas para todos. Duas Teresas, a de Lisieux e a de Ávila, duas flores do jardim carmelitano, a perfumarem nossas vidas com os odores do amor de Cristo!

Fontes: "Dicionário de Santa Teresinha", Pedro Teixeira de Cavalcante, Ed. Paulus; Revista "Teresa de Jesus", mayo-junio 1999, "La influencia de las flores en Teresa de Jesús", Félix Sánchez, pp. 127-128.